domingo, 11 de julho de 2010

O CASO DOS IRMÃOS NAVES - 1937

O caso dos Irmãos Naves foi um acontecimento policial e jurídico ocorrido na época do Estado Novo no Brasil , no qual dois irmãos - os Naves - foram presos e barbaramente Torturados até confessar sua suposta culpa em um crime — que não cometeram.

Araguari, interior de Minas Gerais, ano de 1937. Com a instauração do regime ditatorial de Getulio Vargas , vive-se um grande caos no país, principalmente nas áreas da economia e dos direitos humanos.

Na economia, os setores agrícolas eram os que mais sofriam com a constante queda dos preços. Em meio a esse turbilhão econômico e social reinante no chamado Estado Novo, está o comerciante de cereais Benedito Pereira Caetano (1905 - 1967), um rapaz trapalhão e extremamente ambicioso, e sócio com seus primos, os irmãos Sebastião José Naves (1902 - 1964) e Joaquim Rosa Naves (1907 - 1948), com quem havia comprado um caminhão em sociedade, sendo ambos também comerciantes de cereais.

Benedito comprara com a ajuda de seu pai uma enorme quantia de arroz para vender durante uma possível alta nos preços. Mas com os preços em queda constante Benedito viu-se obrigado a vender sua safra em expressiva perda, contraindo ainda mais dívidas e assim sobrando-lhe somente uma última - mas vultuosa - importância em dinheiro: cerca de 90 contos de réis (aproximadamente 270 mil reais nos padrões de hoje) resultantes da venda de sua última leva de arroz. A quantia embora expressiva não cobria todas as suas dívidas que à época totalizavam cerca de 136 contos de réis. Ele toma uma decisão inusitada: na madrugada de 29 para 30 de novembro do mesmo ano ele decide sair às pressas da cidade, sem comunicar nada a ninguém, levando consigo seus últimos 90 contos. Sabendo do fato, os irmãos Naves decidem comunicar o fato à polícia, que imediatamente inicia as investigações.

Poucos dias depois, o delegado responsável pelo caso, o civil, acaba sendo substituído pelo tenente militar Francisco Vieira Dos Santos , o "Chico Vieira" (1897 - 1948), vindo de Belo Horizonte . Este, temido como um homem truculento e adepto de Predefinição:Tortura , seria o maior vilão e causador do grande erro judiciário desta história.



O CRIME DA MALA - 1928

No dia 7 de outubro de 1928, no pátio do armazém 13 do porto santista, a polícia abriu uma mala endereçada a Ferrero Francesco, Bordeaux (França), que seria embarcada no navio Massilia. Nela, havia o cadáver de uma jovem, de 1,66 metro de altura, cabelos castanho-claros, cortados à la garçonne, em avançado estado de putrefação. Feita a autópsia, verificou-se o aborto post mortem de um feto de seis meses.



























Giuseppe Pistone e Maria Fea eram recém-casados. Imigrantes. Ele, 31 anos, admirador de Mussolini, havia recebido uma herança, que acabou sendo gasta em viagens e passeios. Ela, uma moça bonita e delicada, vivia para o marido, segundo seus parentes. Mas Giuseppe era muito ciumento e a situação financeira do casal ia mal.


No dia 4 de outubro, Pistone a sufocou com as mãos. "Louco de espanto e dor, porque não a apertei (...) mais do que um só minuto, deitei minha Mariuccia sobre o leito, cobrindo-a (...) de beijos (...). Passei toda a noite com sua loira cabecinha entre meus braços", confessou ele depois.

O crime repercutiu na imprensa de todo o Brasil, ficando conhecido como "O crime da mala".

Devido à grande repercussão do caso de 1928, o túmulo de Maria Mercedes Féa, no cemitério da Filosofia (Saboó), passou a ser bastante freqüentado pela população santista, que a venera como a uma santa desde então, em virtude de seu trágico fim, e vários casos de cura milagrosa já são atribuídos à intercessão de Maria Féa.



















O jornal paulistano Notícias Populares contou assim os detalhes do crime, em matéria de página inteira publicada no dia 14 de novembro de 1977: